Entendendo alguns conceitos fundamentais

Innovation is the specific instrument of entrepreneurship, the act that endows resources with a new capacity to create wealth.
Peter Drucker

O que é inovação?

Muitas vezes, em diversas redes sociais, tv e na internet, somos bombardeados por propagandas de novos produtos. Seria inovação apenas criar ou lançar novos produtos?

Apesar de novos produtos serem essenciais, há outros tipos de inovação muito importantes e até mesmo, mais disruptivos como modelos de negócio.

Se perguntarmos a diferentes pessoas de uma organização o que é inovação, é provável que tenhamos uma resposta diferente para cada uma delas. A literatura diz que inovar é fazer qualquer coisa nova, ainda que seja uma adição de funcionalidade ou recurso, a um produto ou processo existente.
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Atualmente, quando falamos de inovação, os exemplos mais comumente falados são o lançamento do iPod e iPhone. Embora ambos sejam negócios muito bem sucedidos, são inovações diferentes. Enquanto o primeiro transformou o mercado da música através de uma plataforma que ligava diretamente o produtor do conteúdo ao consumidor,  o outro foi uma melhoria incremental do telefone celular, com a introdução da tela de touchscreen e outras facilidades, atrelado a loja de serviços, conceito introduzido pelo iPod, transformando assim o mercado de telefonia móvel no mundo.

Pensando assim, quais seriam os tipos de inovação?
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Tipos de inovação

As inovações incrementais de produtos, serviços e processos existentes são aquelas melhorias mais fáceis de identificar, onde o cliente, muitas vezes, é questionado sobre o que deseja. Muitos são os exemplos onde as inovações incrementais são facilmente identificadas, como nos smartphones, videogames, automóveis e até o gmail com seus recursos de tarefas, agendamento e lembretes.

Já as inovações disruptivas são aquelas em que produtos ou serviços sofrem significativas mudanças e mais do que isso, não são esperadas pelos clientes. Geralmente criam novas categorias, como foi o caso da Zipcar, empresa que revolucionou o mercado de locação de veículos, através de um novo modelo de negócios, permitindo que membros de seu clube de assinaturas alugassem carros por dia ou por hora.

E por fim, não menos importante, as inovações radicais, as também chamadas inovações transformadoras. São aquelas que criam não apenas um novo negócio, uma nova categoria, mas que também redefinem completamente o ambiente. Casos como o iTunes, a Uber e atualmente as soluções de metaverso.

Onde inovar?

Ao inovar, uma empresa não promove apenas ajustes na sua cadeia de produção. Uma inovação radical, como foi o caso do iPod, invariavelmente resulta em mudanças organizacionais internas substanciais, que ocorrem em todas as áreas da empresa, da produção ao marketing e vendas.

Da mesma forma que a inovação pode afetar todas as áreas, estas também podem ser precursoras da inovação. Segundo Larry Keeley, existem 10 tipos de inovação que são combinadas em diferentes tecnologias disruptivas e agrupadas em 3 categorias: Configuração, Oferta e Experiência.

Modelo de negócio é o processo de reinventar a forma com que a empresa trabalha para competir com mais eficiência no mercado. A inovação em modelo de negócios procura modelos organizacionais que melhorem sua proposta de valor. O Spotify e o Google Music representam um novo modelo de negócio que impactou significativamente o mercado da música.

As redes são as formas organizacionais entre mercado, indivíduos e outras organizações, que servem para troca de informação, conhecimento e recursos, além de ajudarem a implementar inovações por aprendizado mútuo entre os parceiros da rede.

Um bom exemplo são os serviços de mobilidade urbana, em que a empresa por trás do serviço forma uma rede com todos aqueles motoristas cadastrados em seu sistema.

As inovações de estrutura estão relacionadas ao modo como a empresa dispõe dos seus vários ativos, sejam materiais ou humanos, tangíveis ou intangíveis. Quando a organização desenvolve um novo programa para identificar talentos e desenvolver lideranças ou quando cria uma campanha para reduzir o desperdício, está implementando uma inovação de estrutura.

As inovações de processo estão entre as mais conhecidas. Os processos organizacionais são geralmente marcados por ineficiências. Portanto, ao criar meios para melhorar estas etapas ou utilizar novas tecnologias, como IA e Machine Learning, pode-se dizer que está inovando em processo.

Como falado anteriormente, desenvolver novos produtos é uma das formas mais comuns de inovação. Além da introdução de novos produtos no mercado, pode-se inovar, também, através da extensão de recurso ou remoção de recursos desnecessários e até melhorando o desempenho de recursos importantes e deixando o produto com uma melhor experiência de uso.

Criar um sistema de produtos significa que está se criando um ecossistema de soluções e serviços entrelaçados.

A inovação do sistema de produto é uma das menos usadas dentro dos 10 tipos de inovação de Keeley. A Apple foi pioneira na inovação do sistema de produtos, quando lançou produtos (iPod, iPhone..) atrelados a uma loja de aplicativos (iTunes).

As últimas duas décadas viram uma megatendência nos serviços. Auxiliados pela transformação digital, muitos produtos melhoraram sua avaliação através da oferta de serviços. Aumentando o valor percebido pelo cliente. São exemplos: a redução dos tempos de espera em filas de bancos, garantias estendidas ou encontrar pontos atenção por meio do mapeamento de jornadas

As inovações de canal estão focadas em responder a uma questão: como o seu produto chega até o cliente? A grande tendência dos últimos anos está no comércio eletrônico, que permite que qualquer pessoa tenha acesso aos produtos que deseja sem sair de casa. As inovações de canal tentaram fornecer novas formas de entregar valor ao cliente. No entanto, isso não significa que os canais antigos sejam redundantes. Novos canais podem ser um meio para fornecer produtos complementares.

A inovação de canal pode impactar, inclusive, os canais tradicionais. Como foi o caso da Amazon Go, loja física da Amazon, em que não há nenhum funcionário. O cliente entra, pega o que precisa, sai, e então a cobrança é feita automaticamente no cartão de crédito registrado.

Quando um cliente compra um produto, ele essencialmente compra uma história. As inovações na marca são essencialmente para encontrar novas formas de criar uma história. Campanhas de marketing podem ser executadas para criar uma determinada persona para a marca. No entanto, quando essas campanhas são de natureza inovadora, elas têm um impacto maior.

O detergente é um produto geralmente vendido com a promessa de ser econômico, mas, a Ypê fez uma inovação de marca ao focar suas propagandas no fato de que ela é uma organização preocupada com o meio ambiente.
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Envolvimento do cliente é um tipo de inovação que busca fazer as organizações interagirem com os clientes de maneira mais assertiva. Criando novas maneiras de promover a interação e o diálogo entre a empresa e os clientes. O Instagram e o YouTube são soluções que engajam o público através de seu modelo de negócio e por meio dos acessos e de seus algoritmos, ofertam uma curadoria de conteúdos personalizada pelos interesses dos usuários, oferecendo em contrapartida uma publicidade altamente segmentada para seus anunciantes.

  • Quais dessas inovações estão presentes na sua empresa?
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  • Em quais áreas da sua empresa há maiores oportunidades de inovação? O que pode ser feito?
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Chance favor the prepared mind

Louis Pasteur

Modelos de inovação

Muitas empresas têm a “sorte” de, acidentalmente, descobrir algo que não estavam procurando. Um dos produtos mais famosos da 3M, o Post-it, foi criado sem que o time estivesse buscando essa solução. Para esses tipos de descobertas dá-se o nome de serendipidade.

Como falado anteriormente, a inovação pode ocorrer de diversas formas, em diversas áreas e até mesmo de forma espontânea. O que não pode se negar é que existem algumas bases e processos essenciais para que ela aconteça.

A interação dessas atividades formam a base dos modelos de inovação hoje.


Modelo Linear

Um modelo de inovação muito utilizado no século passado foi o linear, que é tradicionalmente visto como uma sequência de etapas ou atividades separáveis, tendo duas variações básicas desse modelo para inovação de produtos.

Há o modelo orientado à tecnologia, denominado “technology-push”, onde se supõe que os cientistas fazem descobertas, os tecnólogos as aplicam para desenvolver as ideias de produtos e os engenheiros e designers os transformam em protótipos para testes. Desenvolvido o produto final, cabe ao marketing e vendas promover o produto ao consumidor final. Nesse modelo, o mercado é um recipiente passivo dos resultados de pesquisa e desenvolvimento. Muito utilizado na política industrial após a Segunda Guerra Mundial.
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Após a década de 70, entretanto, novos estudos sugeriram que o mercado deveria influenciar a inovação. Isso levou ao segundo modelo linear, o modelo de inovação “market-pull”. O modelo orientado pelas necessidades do cliente enfatiza o papel do marketing como iniciador de novas ideias resultantes de interações próximas com os clientes. Estes, por sua vez, são encaminhados para P&D para projeto e engenharia e depois para fabricação e produção.

O mercado e o cliente são muito poderosos e influentes, especialmente no mercado de bens de consumo e a tecnologia é a responsável por “dar forma” às oportunidades que existem. Ser inovador é relativamente fácil, o difícil é garantir que suas ideias se tornem comercialmente viáveis. (Murray, 2003)
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Modelo Simultâneo

Enquanto o modelo linear só é capaz de oferecer uma explicação de como se iniciou a ideia ou a necessidade, o modelo simultâneo sugere que a inovação será o resultado do acoplamento do conhecimento dentro das três funções: Marketing, P&D e Produção.

Um exemplo da importância do modelo simultâneo é a Harley-Davidson. No início da década de 80, a marca estava enfrentando muitas dificuldades e a fábrica quase fechou. A empresa, recebia bastante reclamações dos consumidores de que a qualidade da motocicleta era ruim, que havia vazamento de óleo e outros problemas. Esse fato deu espaço para que a concorrência estrangeira, especialmente a japonesa,  ganhasse mercado dentro dos Estados Unidos.

A Harley-Davidson foi então comprada por empresários que conseguiram agir junto com o governo para aumentar os impostos de importação deste produto e conter as vendas do concorrente. Esse passo foi importante, mas não resolveu o problema de crise em que a empresa ainda estava enfrentando. Em 1983 foram tomadas outras ações que então salvaram a saúde financeira da companhia e tornaram sua marca desejada e muito valiosa.

Com uma mudança nos processos e a troca de todo o time de marketing, a marca aproximou mais do seu cliente, identificou melhor seu público-alvo, criou personas (mesmo que na época não tivesse esse nome), mudaram a forma de interagir e engajar o público. Com isso, conseguiu personalizar o estilo Harley-Davidson, que encanta e fideliza os clientes que querem viver essa experiência em cima de uma motocicleta.


Modelo Interativo

O modelo interativo desenvolve ainda mais essa ideia e interação proposta no modelo simultâneo e ainda une os modelos technology-push e market-pull. Ele enfatiza que as inovações ocorrem como resultado da interação do mercado, da tecnologia e das capacidades da organização.

No centro do modelo estão as funções organizacionais de P&D, engenharia, design, fabricação, marketing e vendas. Embora a princípio isso possa parecer um modelo linear, o fluxo de comunicação não é necessariamente linear, pois há sempre interação,  revisão e feedback. 

O lançamento de um novo produto inovador ao mercado geralmente é apenas o início de uma mudança. A introdução de novas tecnologias causaram reações em todo o ambiente, clientes, mercado, concorrentes e como estes stakeholders responderão a esse novo produto. Logo, o avanço tecnológico não se limita, exclusivamente, aos fatores internos da empresa.


Inovação Aberta

Henry Chesbrough, professor de da universidade de Berkeley, nos Estados Unidos e autor do livro Open Innovation, afirma que o processo de inovação passou de um sistema fechado, interno à empresa, para um novo modelo aberto, que envolve uma gama de atores em toda a cadeia, de forma que novos produtos e serviços, sejam desenvolvidos a partir da colaboração entre empresas, indivíduos e outras organizações, mudando a ideia de que as pesquisas deveriam ser guardadas a sete chaves como um grande segredo industrial.
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Inovações Radicais ou Disruptivas

Ocasionalmente, algo novo acontece causando uma ruptura nos mercados, mudando as regras do jogo. Isso vem acontecendo ao longo dos anos nos mais diversos setores, dos bancos digitais ao Streaming que vem mudando a indústria de mídia e da música.

Todas essas mudanças são vistas como não contínuas, ou seja, uma mudança muito significativa, sendo chamado de inovação disruptiva. Schumpeter se referiu a esse conceito como destruição criativa. O termo inovação disruptiva como a conhecemos hoje apareceu pela primeira vez, em O Dilema da Inovação, de Clayton Christensen . Neste livro, o autor investigou o porquê as inovações de natureza radical reforçaram a posição do inovador ao contrário do que acontecia com os modelos anteriores.

O Dilema da Inovação

Usando as lições de sucesso e fracasso de companhias líderes,  apresenta um conjunto de regras para capitalizar o fenômeno da inovação de ruptura/incremental. Estes princípios ajudarão os administradores a determinar quando é certo não ouvir os clientes, quando investir no desenvolvimento de produtos com menor desempenho que prometem margens menores e quando buscar mercados menores às custas daqueles aparentemente maiores e mais lucrativos

Acessar livro

Diversos são os exemplos de inovações disruptivas ou radicais, que vão dos navios a vapor que interromperam a produção de grandes veleiros, do download de música que acabou com a venda de álbuns, até o surgimento de serviços de notícias online, portais da web e outras plataformas de mídia, como blogs e wikis, que transformaram a tradicional indústria jornalística e que fizeram as vendas de jornais físicos declinaram.

Para pensar…

A evolução tecnológica tem impactado o mercado e todas as áreas de uma companhia, não apenas com P&D ou marketing. Como muitas vezes acontece, pode ser na produção ou desenvolvimento que se inicia uma melhoria ou que leva à introdução de um produto ou nova solução, podendo até criar um novo mercado. Todos os tipos de inovação são igualmente importantes e, portanto, as empresas devem estimular seus colaboradores a encontrar maneiras de explorar todos eles.

Não há um caminho único ou fórmula para construir um ambiente de inovação, a única verdade que se conhece é que para sobreviver a um mundo tão volátil, aberto e incerto é preciso desenvolver capacidades ou capabilities para inovação em todas as áreas e pessoas da companhia.

Referências bibliográficas

TROTT, Paul. Innovation Management and New Product Development 5rd Edition. Pearson.

MITCHEL, Rick;  GOFFIN, Keith.  Innovation Management Effective strategy and implementation 3rd Edition.

CHESBROUGH, Henry. Open Innovation: The new imperative for creating and profiting from technology. Harvard Bussiness School Press, 2003.

KEELEY, Larry , WALTERS, Helen , PIKKEL, Ryan e QUINN, Brian. Ten Types of Innovation: The Discipline of Building Breakthroughs. Wiley, 2013

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AUTOR

Elemar Júnior

Fundador e CEO da EximiaCo, atua como tech trusted advisor ajudando diversas empresas a gerar mais resultados através da tecnologia. 

COAUTOR

Lucas Rezende

Consultor em estratégias de inovação, sucesso do cliente e desenvolvimento de novos produtos.

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